No primeiro episódio do ano do Dadocracia, João Paulo Vicente conversa com Bruno Bioni, codiretor da Data Privacy Brasil sobre as tendências e previsões para 2024 no campo dos direitos digitais. Entre os temas abordados, está o contexto internacional, com a discussão de governança digital dentro do grupo de engajamento de Thinks Tanks (T20) ligado ao G20 e o encontro NETmundial+10. Já no contexto nacional, temos discussões sobre a regulação da Inteligência Artificial e de plataformas digitais, desinformação e deep fakes, tudo isso em um ano de eleições municipais. E como esses dois contextos se encontram?

No episódio, Bruno Bioni analisa como 2024 será um ano com bastante potencial e no qual o Brasil pode assumir um protagonismo nas questões relacionadas à governança da internet e de novas tecnologias. E menciona ainda as possibilidades que podem acontecer, como o foco do parlamento brasileiro em voltar a discutir a regulação sobre inteligência artificial.

Sobre o T20, João Paulo Vicente destaca a participação do Brasil como presidente do G20, que será coordenado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI); Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); e Fundação Alexandre Gusmão (FUNAG). O Grupo dos 20, também denominado de G20, é um dos principais fóruns de cooperação econômica mundial, desempenhando um papel fundamental no enfrentamento de grandes questões socioeconômicas mundiais. Cada grupo de engajamento possui suas respectivas Forças-Tarefas, as quais são temáticas e que visam o enfrentamento de questões atreladas ao seu tema. 

A Data Privacy Brasil em parceria com a Observer Research Foundation (ORF), da Índia, coordena a força tarefa chamada “Transformação Digital Inclusiva”. Conforme sua descrição institucional, “a FT5 centra os seus esforços na elaboração de recomendações com vista a alavancar as inovações digitais para promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, garantindo ao mesmo tempo a inclusão e considerações éticas”.

Bruno comenta a importância dessa participação pensando em temas como inclusão digital e plataformização do serviço público. Ele enfatiza a realidade muito particular do Sul global e como as mudanças na grande infraestrutura de pagamentos afeta algumas pessoas que estão nas periferias e em condições socioeconômicas mais vulneráveis, como explica:

“Muitas vezes, quando o plano da internet dela acaba, ela literalmente não consegue comprar um determinado medicamento ou um determinado alimento. Se ela não está com o dinheiro vivo no bolso, porque muitas vezes ela não vai conseguir acessar o aplicativo do banco para fazer essa alteração. Então isso muitas vezes não é uma realidade tão estrutural assim em países do norte global, mas sem dúvida é no Sul Global”.

O episódio também fala sobre a desinformação ser uma pauta prioritária no contexto global e no Brasil, visto que 2024 é um ano de eleições municipais. Bruno discute como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o governo estão se preparando para lidar com as desinformações, especialmente quando se pensa no avanço dos deep fakes e no uso de IA para criar vídeos falsos, por exemplo.

“É um desafio, sem dúvida. Esse ano ele é duas vezes, três vezes maior do que foi dois anos atrás. E é ainda mais desafiador do que foi há quatro anos atrás. Pensando nesses ciclos de dois em dois anos, onde a gente tem acumulado um aprendizado sobre esse tema de desinformação e processo de integridade do processo eleitoral. E por quê? Porque a entrada das IAs, principalmente as negativas que você se referiu, barateia o processo de desinformação.” analisa Bioni.

Para saber mais sobre o tema e se atualizar sobre as tendências e previsões para 2024 no campo dos direitos digitais, ouça o novo episódio do Dadocracia “O que esperar de 2024 no campo dos direitos digitais”, já disponível para escuta nas principais plataformas de áudio. Ouça agora!

O roteiro deste episódio é de João Paulo Vicente, a produção é de Alicia Lobato, Horrara Moreira e Pedro Henrique Santos. O som é da Vega Films.

 

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