No novo episódio do Dadocracia, o podcast oficial da Data, convidamos a advogada Carolina Rossini e Rafael Zanatta, codiretor da Data Privacy Brasil para discutir a ameaça do banimento do TikTok dos Estados Unidos. Sob o argumento de que a ampla presença do TikTok no mercado norte-americano traz riscos à soberania e segurança nacional do país, parte do Congresso dos EUA defende banir ou forçar a venda da plataforma para uma empresa local. Ao mesmo tempo, toda essa movimentação deixa de lado riscos à proteção de dados pessoais e à própria democracia trazidos por outras plataformas e redes sociais.

No momento a discussão sobre o TikTok nos Estados Unidos está no senado, o presidente Joe Biden chegou a afirmar que caso essa lei seja aprovada, ele vai assinar. Ao mesmo tempo, vários representantes do governo norte – americano e congressistas dizem que o objetivo não é banir o TikTok, mas sim forçar a venda do aplicativo pela ByteDance.

As justificativas para essa movimentação tem a ver com segurança nacional, preocupações com o repasse de dados coletados pelo tiktok ao governo chinês, entre outras. Mas existem diversas críticas sobre como essas justificativas acabam no vazio quando diversas outras plataformas de redes sociais dos Estados Unidos atuam de uma forma muito semelhante ao Tik Tok e que não passaram por essas discussões. 

Para entender como está esse processo nos EUA, João Paulo Vicente conversou com Carolina Rossini, que tem 25 anos de experiência trabalhando com direito e tecnologia nos setores público, privado e na academia tanto aqui no Brasil quanto no exterior, atualmente mora nos Estados Unidos e está acompanhando essa questão de perto.

Para Carolina, o que está acontecendo nos Estados Unidos trata-se de uma questão geopolítica em relação à China, como explica:

“Tanto uma questão comercial, quanto uma questão de segurança nacional nos Estados Unidos. E existem mais e mais relatos que a China por meio de compra de mídia ou de plataformas como o Tik Tok, tem influenciado as eleições nos Estados Unidos”.  

Carolina afirma ser uma “inflação de vários tópicos”, mas que não existem provas concretas da influência da China nas eleições dos Estados Unidos, e acrescenta, “a confiança dos americanos em várias plataformas, diminuiu, Inclusive vendo essas plataformas. Como fontes confiáveis de notícias, a confiança no digital aumentou”. 

Além da justificativa do adversário nacional, também há justificativa de proteger as informações da população dos Estados Unidos nas mãos do governo chinês. E uma crítica constante a esse argumento é a falta de regulamentação total que há sob uso de dados pessoais nos Estados Unidos. Para falar sobre esses aspectos, João Paulo Vicente conversou com Rafael Zanatta, codiretor da Data Privacy Brasil. Afinal, quais os riscos do banimento do Tik Tok nos EUA?

Para Rafael Zanatta, essa situação “não é uma questão que é um racha entre republicanos e democratas”. De acordo com ele, muitos democratas se convenceram da importância de forçar a venda e o controle de estoque para empresas e funcionários dos Estados Unidos. E complementa: 

“Por que estão contentes com a proibição? Porque a proibição vai implicar em um retorno dos outros competidores dos Estados Unidos a esses mercados, abocanhando o market, digamos assim, a fatia de mercado que está lá e que o setor que tem de forma muito competente, à partida, da capacidade técnica de modulação algorítmica deles, que é diferenciada, não usa as mesmas técnicas que Meta, Google, etc. São outras tecnologias aplicadas para poder fazer a definição do que viraliza e como é. É uma caixa preta, ninguém consegue definir”.

Aproveitamos o tema para conversar com Luisa Adib, coordenadora da pesquisa TIC Kids Online Brasil, sobre o uso do TikTok por crianças e adolescentes no Brasil e outros indicadores interessantes para entender como o público que tem entre 9 e 17 anos está usando a internet aqui no país. A última edição saiu em 2023 e tem dados muito interessantes: 88% desse público entre 9 e 17 anos tem redes sociais. Além disso, 63% dos ouvidos na pesquisa usam tiktok, fica atrás do youtube, whatsapp e instagram. 

Ainda no episódio, Luísa compartilha análises sobre os resultados encontrados sobre o uso do tiktok no Brasil por crianças e adolescentes e o que notaram durante a pesquisa em relação ao percentual de uso dessas plataformas em diferentes faixas etárias do TikTok e do Youtube.

Esse episódio foi uma sugestão que veio do X (Twitter), de um ouvinte que perguntou se não faríamos um Dadocracia sobre essa discussão. Deixamos o convite para quem quiser mandar uma sugestão ou entrar em contato. Pode mandar mensagem para as redes sociais da Data Privacy Brasil ou mandar um e-mail para [email protected].

Para saber mais sobre o assunto e ouvir a conversa completa ouça o novo episódio do Dadocracia “O impasse do Tik Tok nos EUA”, já disponível para escuta nas principais plataformas de áudio. Ouça agora!

O roteiro deste episódio é de João Paulo Vicente. A produção é de Alicia Lobato, Horrara Moreira e Pedro Henrique Santos. A edição de som é da Vega Films. 

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