Nesta segunda-feira (18), o Instituto Montreal para Estudos de Genocídio e Direitos Humanos (The Montreal Institute for Genocide and Human Rights Studies – MIGS), da Universidade canadense Concordia anunciou o lançamento do Grupo de Trabalho Global para Combater o Autoritarismo Digital. Em busca de desenvolver o seu trabalho contínuo sobre o tema, a força-tarefa global sobre autoritarismo digital terá os seguintes focos: desenvolvimento de políticas e defesa; conscientização e capacitação e parcerias colaborativas.

MIGS anuncia o lançamento do Grupo de Trabalho Global para Combater o Autoritarismo Digital que contará com especialistas para consultas sobre tendências globais emergentes nas relações com o autoritarismo digital.

 

O instituto reuniu um grupo de trabalho de especialistas com experiência no domínio dos direitos humanos e da tecnologia para consultas sobre tendências globais emergentes nas relações com o autoritarismo digital e para ajudar a aconselhar o financiamento e a estratégia operacional do Global Digital Authoritarianism Atlas – GDAA. Rafael Zanatta, diretor da Data Privacy Brasil, foi um dos escolhidos para participar do GT e atuar nessa missão.

Para Zanatta, fazer parte do grupo de trabalho do MIGS é uma grande vitória obtida a partir do sucesso dos projetos sobre tecnoautoritarismo articulados pela Data Privacy, como comenta:

“A colaboração global sobre autoritarismo digital é uma etapa crucial para a manutenção de valores democráticos. Há uma grande urgência de acordos internacionais para conter uso de spywares e normas para evitar usos abusivos de ferramentas de vigilância centradas em dados. Para nós, é uma oportunidade de fortalecer cooperação entre organizações civis e especialistas neste tema”.  

O instituto analisa o grupo de trabalho como fundamental desde a interrupções na Internet e a censura dos meios de comunicação social até à vigilância da IA, ao spyware e às campanhas de influência estrangeira. Os governos autoritários e liberais utilizam as novas tecnologias para suprimir os direitos humanos e corroer a democracia a nível interno e externo.  

Desde a sua criação a Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa tem atuado fortemente na pauta de tecnoautoritarismo. Em 2021, a Associação estruturou um programa de bolsas jornalísticas com o The Intercept Brasil, com o objetivo de apoiar o jornalismo investigativo em questões relacionadas ao uso abusivo de novas tecnologias e violação de direitos fundamentais. O resultado foram quatro matérias especiais sobre o tema publicadas no site da agência de notícias The Intercept Brasil.

Também em 2021, a Data lançou o vídeo “O que é o tecnoautoritarismo?”, onde foram realizadas diversas entrevistas com pesquisadores, ativistas do campo da justiça criminal e direitos digitais, advogados e juristas brasileiros para entender de que forma o uso de tecnologias de informação por parte do Estado pode resultar em práticas autoritárias que legitimam a violação de direitos humanos e do direito à privacidade. O vídeo foi lançado durante a 10ª edição da RightsCon, a maior cúpula do mundo sobre direitos humanos na era digital.

Já em 2022, a atuação da associação foram destaques em artigo publicado pelo Center for International Governance Innovation, a coordenadora de projeto no Montreal Institute for Genocide and Human Rights Studies da Concordia University, Marie Lamensch destacou a atuação de organizações da sociedade civil no combate ao tecnoautoritarismo de Bolsonaro onde citou o trabalho da Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa. 

Rafael Zanatta, diretor da Data Privacy Brasil, na primeira edição da Data Privacy Global Conference em 2022.

 

Entrevistado por Lamensch na época, Rafael Zanatta, diretor da Associação analisou como o tecnoautoritarismo brasileiro inclui não apenas atacar as críticas nas redes sociais, “mas também centralizar bancos de dados pessoais; compartilhamento abusivo de dados com órgãos de inteligência e segurança pública; expansão da vigilância, inclusive por meio do reconhecimento facial; e o desenvolvimento de novos sistemas de informação e inteligência, às vezes com o envolvimento das forças armadas”.

Além de Zanatta, mais oito pessoas de diversas partes do mundo farão parte do grupo de trabalho, entre eles estão Margaret McCuaig-Johnston, bolsista sênior do Instituto de Ciência, Sociedade e Política da Universidade de Ottawa; Yinka Adegoke, Editora, Semafor África; Jesus Melendez Vicente, Conselheiro Técnico Sênior, Dados e Desenvolvimento Digital no IRE e Steven Feldstein, bolsista sênior da Carnegie Endowment for International Peace. 

Para ver todos os membros e mais informações, visite o site do Montreal Institute for Genocide and Human Rights Studies

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