Entre os dias 23 e 27 de junho, aconteceu a vigésima edição do Fórum de Governança da Internet global, ou IGF, como é conhecido pelo acrônimo em inglês. O Fórum tem sido o principal lugar de discussão sobre uso e desenvolvimento da Internet, destacando-se pelo formato multissetorial (multistakeholder). Aqui não há tomada de decisões vinculantes, mas sim conexão entre atores, aprendizados, trocas de informações e experiências, e principalmente, a centralidade do ser humano nos debates sobre Internet e tecnologias digitais.

A Data Privacy Brasil esteve presente no evento que aconteceu na cidade de Lillestrom, na Noruega, tanto para apresentar um pouco de seus projetos, quanto para participar de debates que levarão a uma importante negociação intergovernamental ainda esse ano: a renovação do processo da Cúpula Mundial para a Sociedade da Informação (WSIS, no acrônimo em inglês), que inclui a renovação do próprio IGF. Nosso time tem atuado junto a coalizões da sociedade civil global para a manutenção e fortalecimento do Fórum, e do modelo multissetorial.  Em relação a esses pontos, algumas discussões avançaram em sentidos semelhantes ao longo da semana, particularmente em relação à  importância da integração entre o IGF global e os fóruns locais e regionais de governança da Internet (NRIs). 

Além das consultas e reuniões com os co-facilitadores das negociações da WSIS+20, a Data esteve presente em dois painéis. Estivemos em um debate sobre governança de dados e a importância da aplicabilidade de uma gramática de proteção de dados pessoais para Infraestruturas Públicas Digitais, e em outro sobre cibersegurança e uso de spywares. Junto de parceiros da Aliança do Sul Global, e do Global Digital Justice Forum, expusemos casos críticos em nossas regiões e os desafios que Estados e stakeholders estão enfrentando, assim como propostas que temos colocado a nível global, como a agenda de governança de dados por uma abordagem de justiça de dados, e o trabalho do projeto Iniciativa Defesa Digital.

As discussões sobre fortalecimento do IGF e do modelo multissetorial estão diretamente relacionadas com o processo de revisão da WSIS, conectando-se especialmente com a posição brasileira frente ao processo, conforme exploramos em relatório recém publicado. Nesse sentido, diferentes atores reforçaram a importância da continuidade desse processo, enquanto um framework que propicia o engajamento multissetorial na governança da Internet. Num contexto de crescente tensão entre multilateralismo e multissetorialismo nesse campo, a WSIS permanece como uma plataforma para cooperação e fortalecimento de diretrizes universais para essa governança, fomentando iniciativas locais e regionais em prol do avanço do desenvolvimento tecnológico inclusivo e centrado nas pessoas.

 

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